domingo, 27 de novembro de 2011

Empresário orienta empreendedor a buscar dinheiro 'barato'

reprodução - internet
Quem tem o projeto de abrir um negócio próprio mas não possui capital, deve pensar em formas mais acessíveis de conseguir empréstimo, deixando os bancos como última opção. Esta é a opinião do empresário Gustavo Ziller, um dos criadores da rádio OI FM e fundador da Aorta, empresa desenvolvedora de aplicativos, tecnologia e novas mídias, que participou de chat do G1 sobre empreendedorismo nesta segunda-feira (21).
"Existem hoje vários institutos de acesso a capital", destacou. "Aconselho a sempre ficar atento aos editais do BNDES, da Fiesp, procurar o Sesc, essa é a alternativa de dinheiro mais barato que há, depois dos familiares."
Ziller abriu sua primeira empresa, uma produtora de vídeo, "financiado" por parentes. "Se você conseguir pegar da família, é o dinheiro mais barato que existe. Eu comecei desta forma."
1 - Quando é feito o desenvolvimento de uma nova tecnologia, qual é a melhor forma de inseri-la no mercado? A publicidade pode ser um dos caminhos? (Raul Passos)
Se você está criando algo inovador, a primeira coisa a ser identificada são os focos, as comunidades que estão trabalhando com a mesma coisa que você faz ou com coisas parecidas, para circular essa ideia dentro dessas comunidades. Hoje na web você tem diversos fóruns de discussão em tecnologia, inclusive faculdades de ponta aqui do Brasil, com Unicamp, USP, UFMG, e faculdades de fora, como Stanford, Harvard, têm esse fóruns para essas discussões. Normalmente essas pessoas são o que a gente chama de “antenas”, que pegam isso e divulgam com maior rapidez.

2 - Qual segmento hoje dá mais garantias de dar certo e prosperar? (Estela Gomes)
Se você vai abrir um negócio, a sua pergunta deve ser outra, não qual é o melhor segmento, mas como abrir o melhor negócio para este segmento. Se você começar fazendo esta pergunta, você vai fazer um bom negócio, independentemente de qual segmento seja.

3 - Como conseguir capital para abrir um negócio? (Francisco)
Se você conseguir pegar da família, é o dinheiro mais barato que existe. Eu comecei desta forma. Eu cometi um erro – hoje eu enxergo isso muito bem – que foi fazer isso com muita informalidade. Eu acho que a formalidade deve existir (...); fazer um contrato, prever o retorno deste investimento ou retorno do empréstimo, se for um empréstimo, acho que tem ter um pouquinho mais de formalidade.
O dinheiro mais caro é o empréstimo bancário, sem dúvida é o dinheiro mais caro para você começar um negócio, eu não aconselho a você, de cara, entrar num empréstimo bancário. O banco, depois, pode ser um grande parceiro da sua empresa, mas eu acho que depois que você tiver mais capital, mais faturamento para conseguir negociar a melhor taxa. Até isso acontecer, eu acho perigoso você já contrair um empréstimo para financiar o caixa da sua empresa desde o início.
O melhor caminho mesmo são os familiares e o que a gente chama de investidores “anjos” – um conceito muito forte no exterior. No Brasil esse conceito ainda é muito novo. Consiste em encontrar pessoas que acreditam no empreendedor, na ideia, no projeto.

4 - Como fazer para lidar com sócios que também são seus amigos? E quando, ao invés de sócios, são subordinados? (Ricardo Prado)
Eu não tenho esse talento de separar amizade, família e negócios – e isso é ruim. Eu tive que trazer pessoas para dentro do time que conseguem fazer este discernimento e nessa hora assumem aquele momento da negociação ou para onde a empresa está indo. Eu não sou a melhor pessoa para fazer isso. Quando você tem essas pessoas que te ajudam, aí você vai em frente, mas é complicado.
Tanto que um dos maiores dilemas dos grandes empresários hoje no Brasil é a questão da sucessão.

5 - Quais as melhores opções de empresas de prestação de serviços de olho na Copa de 2014? (Geron)
Não pode pensar só na Copa, não. Tem que pensar na Copa, na Copa das Confederações, que é antes, nas Olimpíadas do Rio, que é em 2016, e como vários estudos estão apontando, você tem que pensar nos próximos dez anos. A “enxurrada” de turistas vai crescer, assim como o consumo das classes C e D. (...) Quando você pensar em prestação de serviços, pensa no básico para o seu consumidor, porque público vai ter para tudo.

6 - Quais os cursos mais importantes para se fazer quando você tem o próprio negócio? (Renato Fenix)
O principal é você, depois de definir o seu negócio, a sua linha, é procurar se aliar com pessoas que já tiveram sucesso naquilo. Ou então, procurar faculdades e cursos de especialistas, MBAs de gestão de negócios. O primeiro caminho é a gestão de negócios. No meu caso, eu sou formado em Publicidade, e tenho especialidade em produção de rádio. O papel que me cabe dentro da sociedade, que é buscar novos negócios e buscar venda comercial, não existe faculdade para isso. Está no sangue ou não está.
Aí é o dia a dia mesmo, se aliar com pessoas que conseguem fazer isso de forma melhor.
Se o seu negócio é gestão de empresas, operação, cuidar de processo, aí vai precisar correr atrás de uma formação técnica. Existem MBAs e faculdades excelentes no Brasil, que inclusive estão ranqueadas entre as melhores do mundo.

7 – Como posso estruturar uma empresa de consultoria que tem só a mim como funcionário? (Leandro Santos)
Na parte técnica, que é abrir a empresa, é normal como qualquer outra. Uma consultoria você vai abrir como uma fábrica ou um bar. Procure um bom contador, para te ajudar juridicamente.
Agora, de fazer disso um negócio, realmente é um desafio. Porque no Brasil a gente tende a achar que um consultor é uma pessoa que não está trazendo valor para o seu negócio. Pelo contrário, ele traz muito valor e consegue te apontar caminhos que você não estava pensando antes.
Ele pode procurar consultorias da sua área, tentar o modelo de negócios que eles praticam e liga, pede opinião, tenta fazer entrevista, aí talvez encontre um modelo de negócio.

8 – Para ser um bom empresário é necessário ser formado em Administração ou dá para ter outros tipos de conhecimentos em cursos rápidos? (Jéssica)
Hoje empreendedor pode ser artista plástico, músico. Empreender não tem nada a ver com formação, tem a ver com você querer ter seu próprio negócio, querer sustentar esse negócio. Ter ideia todo mundo tem. Ideia é diferente de negócio, de ter empresa e ter um negócio de fato. Se você tem esse talento, vá e tenha o seu negócio.

9 – Quais as possibilidades e dificuldades de abrir um negócio sem capital próprio. Existe um nível máximo tolerável para se usar capital de terceiros na formação da empresa?(Rafael Barbosa)
Vou responder dando alguns exemplos. O fundador da Centauro, cadeia de lojas de artigos esportivos, começou abrindo a primeira loja com US$ 10,5 mil na época. O fundador da Localiza, rede de aluguel de carros, começou alugando sete Fuscas que foram financiados simultaneamente em sete bancos diferentes, para o financiamento ser aprovado.
Depende muito. Não existe fórmula de sucesso. No meu caso, eu comecei empreendendo com uma produtora de vídeo, que está no mercado até hoje. A gente se financiou “vendendo” esse sonho para os nossos familiares.
Existem hoje vários institutos de acesso a capital. Aconselho a sempre ficar atento aos editais do BNDES, da Fiesp, procurar o Sesc, essa é a alternativa de dinheiro mais barato que há, depois dos familiares.

10 – Como faço para criar um protótipo do meu produto? Existe algum lugar para fazer isso? (Leonardo Nunes)
No nosso caso, que é tecnologia, existem hoje várias ferramentas na web que você consegue criar um protótipo e ver um simulador na sua tela funcionando.
Se o seu protótipo é para a indústria naval, aeronáutica, automotiva, você vai precisar se auxiliar com as pessoas que já fizeram isso. Eu acho que esse é um grande caminho: sempre pensar em se apoiar com pessoas que já realizaram. A gente tem a tendência de achar que alguém vai roubar nossa ideia, isso não existe. Hoje o mercado brasileiro está tão maduro em relação a negócios e o empresário hoje tem foco.

G1 - SP

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