sábado, 19 de janeiro de 2013

DOE SANGUE E SALVE VIDAS


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O sangue funciona como um transportador de substâncias de extrema importância para o funcionamento do corpo. Além disso, quase toda a defesa do organismo está concentrada nele. É um tecido de extrema importância para o funcionamento da máquina humana e não pode ser substituído por nenhum outro líquido. Por este motivo a doação é tão importante.

Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o percentual ideal de doadores para um país esteja entre 3,5% e 5% de sua população. No Brasil esse número é preocupante, pois não chega a 2%. Esta quantidade, ainda sofre uma queda alarmante durante o inverno e as férias, períodos em quem os hemocentros são praticamente obrigados a operar com menos que o mínimo necessário. Ainda, complementando alguns dados estatísticos, o Ministério da Saúde divulga que os homens são responsáveis por mais de 70% das doações no Brasil e os jovens de 18 a 29 anos, correspondem a 50% dos doadores.

Levando em conta todos esses números, a VivaSaúde procurou a Fundação Pró-Sangue, maior hemocentro da América Latina, para obter orientações e esclarecimentos de dúvidas, que podem ser suas.

Alguns mitos levantados por pessoas sem a devida instrução têm colaborado para que os hemocentros recebam menos doadores. Entre eles estão:

- Quem doa sangue uma vez tem que continuar doando pelo resto da vida;
- A doação "engrossa" o sangue, entupindo as veias;
- A doação faz o sangue "afinar", "virar água", provocando anemia;
- Doar sangue engorda;
- Doar sangue emagrece;
- Doar sangue vicia;
- Mulheres menstruadas não podem doar sangue;
- "Posso ficar sem sangue suficiente";
- Os doadores correm risco de contaminação.

Segundo Vânia de Oliveira, da Fundação Pró-Sangue, o doador não corre nenhum dos riscos citados acima. "A reposição do plasma leva 24 horas e os glóbulos vermelhos se reproduzem em quatro semanas. Entretanto, para o organismo atingir o mesmo nível de ferro que apresentava antes da doação, são necessários de 40 a 60 dias para os homens e de 50 a 90 dias para as mulheres. Todas as exigências de higiene são seguidas a risca para que o voluntário, o receptor e a equipe não corram risco de contaminação", acrescenta.

O voluntário passa por três etapas antes que o sangue seja retirado. A primeira consiste no cadastro de dados pessoais, em seguida é feita uma triagem clínica que inclui um questionário sobre a saúde da pessoa, um teste de anemia, a verificação da pressão arterial e o peso do doador. A terceira etapa consiste no que a equipe do hemocentro chama de Voto de Auto Exclusão, nessa fase o candidato tem a oportunidade de dizer se tem comportamento de risco para Aids. Sua identidade é preservada, pois a bolsa é identificada por meio de um código de barras. Se a resposta for SIM, ele fará a doação, o sangue passará por todos os testes e, mesmo que os resultados forem negativos, a bolsa será desprezada. Caso a resposta seja NÃO, a bolsa só será utilizada se todos os exames apresentarem resultados negativos.

Para ser um doador, a pessoa deve pesar no mínimo 50 kg, estar munida de um documento com foto, além de ter entre 18 e 65 anos de idade e estar devidamente descansado e alimentado. Atendendo aos requisitos físicos e de saúde, você pode ser um doador. Procure um hemocentro próximo a você e pratique esse ato de vida!

Confira na tabela abaixo quem não pode doar e por que período.

48 horas

Quem recebeu vacina preparada com vírus ou bactéria mortos, toxoide ou recombinantes. Ex.: Cólera, Poliomielite (SALK), Difteria, Tétano, Febre tifóide (injetável), Meningite, Coqueluche, Pneumococo.

5 dias


Pessoas que ingeriram ácido acetilsalicílico (AAS) ou qualquer outro medicamento que contenha o fármaco em sua composição. Exemplos: Aspirina, Sonrisal etc.

7 dias


Teve diarréia.
Após terminarem os sintomas de gripe ou resfriado.
Após a cura de conjuntivite.

2 semanas

Após o término do tratamento de infecções bacterianas.
Após a cura de rubéola.
Após a cura de Erisipela.

3 semanas

Após a cura de Caxumba.
Após a cura de Varicela (Catapora).

4 semanas

Recebeu vacina de vírus ou bactérias vivos e atenuados. Ex.: Poliomielite Oral (SABIN), Febre tifóide oral, Caxumba, Febre amarela, Sarampo, BCG, Rubéola, Catapora, Varíola etc.
Recebeu vacina contra gripe.
Recebeu soro antitetânico.
Após a cura de Dengue.

8 semanas

Após uma doação de sangue. Esse período deve ser ampliado para 16 semanas se houve doação dupla de hemácias por aférese.

12 semanas (somente para mulheres)

Após uma doação de sangue (para mulheres). Esse período deve ser ampliado para 24 semanas se foi doação dupla de hemácias por aférese.
Após parto normal ou abortamento.

3 meses

Foi submetido à Apendicectomia.
Foi submetido à Hemorroidectomia.
Foi submetido à Hernioplastia.
Foi submetido à Ressecção de varizes.
Foi submetido à Amigdalectomia.

6 meses a 1 ano

Foi submetido a uma cirurgia de grande porte como, por exemplo: Colecistectomia, Histerectomia, Tireoidectomia, Colectomia, Esplenectomia pós trauma, Nefrectomia etc.
Após a cura de Toxoplasmose comprovada laboratorialmente.

1 ano

Recebeu uma transfusão de sangue, plasma, plaquetas ou hemoderivados.
Foi submetido a transplante de órgãos ou de medula óssea.
Recebeu enxerto de pele ou de osso.
Sofreu acidente se contaminando com sangue de outra pessoa.
Teve acidente com agulha já utilizada por outra pessoa.
Teve contato sexual com alguma pessoa com Aids ou com teste positivo para HIV.
Teve contato com prostituta ou com outra pessoa que recebeu ou pagou com dinheiro ou droga pelo ato sexual.
Teve contato sexual com usuário de droga endovenosa.
Teve contato sexual com pessoa que tenha recebido transfusão de sangue nos últimos 12 meses.
Teve relação sexual com pessoa com hepatite.
Mora na mesma casa de uma pessoa que tenha hepatite.
Fez tatuagem.
Fez piercing.
Teve sífilis ou gonorréia.

5 anos

Após a cura de Tuberculose pulmonar.

Nunca poderá ser doador de sangue quem:

Tem ou teve um teste positivo para HIV.
Teve hepatite após os dez anos de idade.
Já teve malária.
Tem doença de Chagas.
Recebeu enxerto de duramater.
Teve algum tipo de câncer, incluindo leucemia.
Tem graves problemas no pulmão, coração, rins ou fígado.
Tem problema de coagulação de sangue.
É diabético com complicações vasculares.
Teve tuberculose extrapulmonar.
Já teve elefantíase.
Já teve hanseníase.
Já teve Calazar (Leishmaniose visceral).
Já teve brucelose.
Tem alguma doença que gere inimputabilidade jurídica.
Foi submetido à Gastrectomia total.
Foi submetido à Pneumectomia.
Foi submetido à Esplenectomia não decorrente de trauma.
Fonte: Fundação Pró-Sangue

 A doação demora dez minutos e pode ajudar a salvar uma vida
"DOE SANGUE E SALVE VIDAS"
procure um hemocentro em sua cidade e seja um doador.

Denise Mello - revistavivasaude

46% dos gastos via cartão corporativo do governo são mantidos em segredo


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Em 2012, ano em que a Lei de Acesso à Informação entrou em vigor, quase metade dos gastos com cartões corporativos do governo federal foi mantida em segredo. O argumento é que são informações estratégicas para a segurança da sociedade e do Estado brasileiro.
Entre janeiro e setembro, 46,2% das despesas via cartão foram classificadas como sigilosas – as informações referentes aos meses finais de 2012 ainda não foram enviadas pelo Banco do Brasil à Controladoria-Geral da União (CGU) para divulgação no Portal da Transparência do governo.
Ao todo, na administração pública, os portadores dos mais de 13 mil cartões de pagamento do governo espalhados pelo País gastaram, de forma secreta, R$ 21,3 milhões dos R$ 46,1 milhões pagos pelo chamado suprimento de fundos. A maioria é de compras e saques da Presidência da República, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Polícia Federal. Na Presidência, 95% das despesas com cartões são sigilosas.
Pela legislação, o uso do chamado suprimento de fundos – ou seja, os cartões – não é regra e deve ser usado como exceção e em casos de despesas excepcionais ou de pequeno vulto, como compra de material de consumo e contratação de serviços.
A Abin diz que utiliza o cartão de forma "ostensiva" para atender às demandas administrativas de 26 superintendências estaduais vinculadas. O Gabinete de Segurança Institucional, a quem a Abin é subordinada, afirma que os cartões de pagamento são usados em ações de caráter sigiloso em conformidade com a lei.
A Polícia Federal, órgão submetido ao Ministério da Justiça, cujos gastos secretos por meio de cartão corporativo são altos, não quis comentar o assunto.
A Secretaria de Administração, responsável pela gestão dos cartões da Presidência, informou que os cartões corporativos se destinam a atender as despesas eventuais de pronto pagamento e que, por sua excepcionalidade, não podem se subordinar ao processo normal de empenho. A Vice-Presidência da República, que gastou R$ 537,8 mil com os cartões, informou que não poderia responder aos questionamentos da reportagem porque seus servidores estavam em recesso.
Sem amparo legal específico, a fiscalização das despesas sigilosas é compartilhada dentro do governo. Cabe à Secretaria de Controle Interno (Ciset) da Secretaria-Geral acompanhar os gastos relacionados à Presidência da República, incluindo a Abin. Já as despesas da PF são fiscalizadas pela Controladoria-Geral. No entanto, os relatórios de contas da Ciset e da CGU revelam que os órgãos utilizam artifícios para burlar o controle e não divulgar os gastos.
Atraso. Os últimos dados disponíveis na página da CGU são de setembro. Até a última semana, o portal estava desatualizado e divulgava informações referentes à fatura de maio, um atraso de mais de seis meses na divulgação de informações públicas.
O sigilo e a demora na publicação dos dados vai na contramão da Lei de Acesso e do compromisso assinado pela presidente Dilma Rousseff de implantação do projeto Governo Aberto. Durante a abertura da 1.ª Conferência de Alto Nível Parceria para o Governo Aberto (OGP) em abril do ano passado, Dilma ressaltou o "grande compromisso" do governo com a transparência e destacou o Portal da Transparência. "O Portal divulga todas as despesas do governo federal em base diária e nos mínimos detalhes. Quem acessá-lo nesta manhã verá que todos os gastos realizados até a noite de ontem estão lá expostos e configurados."
Em nota, a CGU informou que o Banco do Brasil é o responsável pelo envio dos dados e a Controladoria, pela publicação. O atraso, segundo o órgão, foi causado por "problemas de ordem técnica" ocorridos no processamento das informações no mês de julho, o que prejudicou a atualização dos meses subsequentes. O banco alegou que a demora foi provocada por mudanças no sistema dos cartões.
Incorporados ainda no governo Fernando Henrique Cardoso com o objetivo de diminuir os gastos e dar mais transparências às contas, os cartões corporativos provocaram uma crise em 2008.
Denúncias de mau uso, incluindo o pagamento de despesas pessoais e saques sem justificativas, levaram a então titular da Secretaria da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, a pedir demissão. Uma CPI foi criada no Congresso. A ex-ministra será secretária adjunta de Netinho de Paula na pasta da Promoção da Igualdade Racial na gestão de Fernando Haddad (PT) na Prefeitura de São Paulo.
Alana Rizzo - Estadão

Agenda revela influência de Rose no BB e na Previ


ESTRELADA - Rosemary Noronha, fotografada três semanas depois de ser indiciada pela Polícia Federal: batom, brincos, unhas feitas e estrelas vermelhas tatuadas no pulso
ESTRELADA - Rosemary Noronha, fotografada três semanas depois de ser indiciada pela Polícia Federal: batom, brincos, unhas feitas e estrelas vermelhas tatuadas no pulso (Fernando Cavalcanti)
Não era bem o que parecia. Quando o nome de Rosemary Nóvoa de Noronha veio a público com a deflagração da Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, a amiga íntima do ex-presidente Lula e então chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo não passava de uma “petequeira”. A expressão, cunhada pelo ex-deputado Roberto Jefferson para designar funcionários públicos que se deixam corromper em troca de ninharia, parecia feita para ela. Rose, como é conhecida, foi acusada de integrar uma quadrilha especializada em fraudar pareceres oficiais para beneficiar empresários trambiqueiros. Defendia os interesses dos criminosos no governo e, em contrapartida, tinha despesas pagas por eles - de cirurgia plástica a prestações de carro. A versão da petequeira foi providencialmente adotada pelo PT. Rose, ventilou o partido, agiria apenas na arraia-miúda do governo e sem nenhuma relação com a sigla. Eis uma tese que os fatos vêm insistindo em derrubar.
No mês passado, VEJA revelou que a amiga de Lula usava o cargo para agendar reuniões com ministros de estado: abria as portas, inclusive de gabinetes no Palácio do Planalto, a interesses privados. Agora, descobre-se que sua área de atuação abrangia também setores de orçamentos bilionários, como o Banco do Brasil (BB) e o fundo de pensão de seus funcionários, a Previ. Rose, a petequeira, participou ativamente das negociações de bastidores que definiram a sucessão no comando tanto do BB quanto no da Previ, defendeu pleitos de caciques do PT junto à cúpula do banco e atuou como lobista de luxo de empresários interessados em ter acesso à direção e ao caixa da instituição. Sua agenda de compromissos como chefe do gabinete da Presidência em São Paulo, obtida por VEJA, mostra que, graças à intimidade com o então presidente, a mulher que num passado não muito remoto era uma simples secretária se transformou numa poderosa personagem do governo Lula.
Rodrigo Rangel e Daniel Pereira - Veja

ARAPONGAS - PF investiga esquema de espionagem em Brasília


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A Polícia Federal abriu investigação para apurar a existência de uma rede de espionagem ilegal, com atuação em Brasília, que teria políticos e autoridades entre seus alvos. Além de deputados e senadores, suspeita-se que os arapongas tenham mirado até a presidente Dilma Rousseff. 
A investigação começou a partir de documentos entregues ao Ministério Público Federal e ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pelo deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ), em julho passado. O material inclui extratos de ligações telefônicas e trocas de e-mail entre parlamentares. Miro disse ao jornal O Estado de S. Paulo que recolheu o material de um araponga, cujo nome não foi revelado, que disse estar sofrendo ameaças e queria proteção policial.
"Criou-se na capital do país, sob os olhos dos poderes da República, uma sociedade anônima de criminosos e violadores de dados pessoais", afirmou o deputado. "Não há cidadão nesse país, nem mesmo a presidente, seguro da sua privacidade e isso é muito ruim para a democracia."
A PF informou por meio de sua assessoria que abriu procedimento preliminar de investigação para verificar a autenticidade dos documentos. O órgão confirmou que há indícios veementes de crime.
O grupo ao qual o espião arrependido está ligado tem foco de atuação no Distrito Federal, em particular autoridades do governo local. Mas o material entregue por ele inclui aparentes extratos de ligações telefônicas e e-mails de parlamentares federais, como o senador Blairo Maggi (PR-MT), o deputado Carlos Alberto Lereia (PSDB-GO) e o ex-senador Demóstenes Torres, cassado por envolvimento com o esquema de corrupção e exploração de jogos ilegais comandado por Carlinhos Cachoeira. A PF, entretanto, não vê associação automática do grupo com o contraventor. 
Estadão

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Como funciona a lavagem de dinheiro


Em outubro de 2005, o deputado americano Tom DeLay foi acusado de lavagem de dinheiro, o que o obrigou a renunciar ao cargo de presidente da câmara. Lavagem de dinheiro é uma acusação séria. Em 2001, promotores americanos conseguiram quase 900 condenações, com sentenças, em média, de 6 anos de prisão. No Brasil, somente em 2005, a Polícia Federal abriu 919 inquéritos policiais contra suspeitos de lavagem de dinheiro. O crescimento dos mercados financeiros mundiais torna a lavagem de dinheiro mais fácil do que nunca, países com leis de sigilo bancário são diretamente ligados a países cujas leis obrigam a declaração, tornando possível depositar dinheiro "sujo" anonimamente em um país e então transferi-lo para ser usado em outro país.
A lavagem de dinheiro acontece em praticamente todos os países do mundo e um esquema simples geralmente envolve transferir dinheiro entre vários países para esconder sua origem. Neste artigo, aprenderemos o que exatamente é a lavagem de dinheiro e porque é necessária, quem lava dinheiro e como o fazem, e quais medidas as autoridades estão tomando para tentar prevenir operações desta natureza.
Tom DeLay
Em outubro de 2005, um município do Texas acusou o deputado Tom DeLay de lavagem de dinheiro e de conspiração para violar leis eleitorais. A acusação de conspiração foi arquivada mais tarde, e desde maio de 2006 o caso aguarda a data para o julgamento. No Texas, candidatos a deputado não podem receber doações de empresas para a campanha, proposta que tem sido discutido pelo Congresso Nacional no Brasil. A promotoria alega que DeLay participou de um suposto esquema para violar esta lei e esconder as origens corporativas do dinheiro que acabou nas mãos de candidatos republicanos no Texas. O suposto esquema de lavagem envolvia o envio de doações de empresas do Texas para a sede do Comitê Nacional Republicano em Washington, que mandava o dinheiro de volta para o Texas para ser usado na campanha. Dois assessores de DeLay e seu principal contribuinte de campanha já confessaram serem culpados em dois inquéritos separados para crimes de conspiração; de fraude fiscal, de correspondência, de transferência bancária e de corrupção de funcionários públicos.
Princípios básicos da lavagem de dinheiro
Lavagem de dinheiro, em termos simples, é o ato de fazer o dinheiro que sai da "Origem A" parecer que vem da "Origem B". Na prática, criminosos estão tentando camuflar a origem do dinheiro proveniente de atividades ilegais para que pareça que foi obtido de fontes legais. Do contrário, não podem usar o dinheiro porque ele seria vinculado a atividades criminais e a polícia iria bloqueá-lo.
Os criminosos que mais precisam lavar dinheiro são traficantes de drogas, estelionatários, políticos corruptos, funcionários públicos, membros de quadrilhas, terroristas e golpistas. Traficantes de drogas precisam de bons sistemas de lavagem porque lidam quase que exclusivamente com dinheiro vivo, o que causa todo tipo de problemas logísticos. O dinheiro vivo não só chama a atenção da polícia, como também é pesado. Um milhão de dólares em cocaína pesa cerca de 20kg, enquanto um milhão de dólares em notas pesa cerca de 110kg.
O processo básico de lavagem de dinheiro tem três etapas:
1.            Colocação - nesta etapa, o criminoso coloca o dinheiro sujo em uma instituição financeira legítima. Isto geralmente acontece na forma de depósitos bancários em dinheiro. É a etapa mais arriscada do processo de lavagem porque grandes quantias de dinheiro chamam muito a atenção, e os bancos são obrigados a declarar transações de valor alto. Assim, muitos fazem pequenos depósitos para despistar.
2.            Ocultação - é o envio do dinheiro através de várias transações financeiras para mudar seu formato e dificultar o rastreamento. A ocultação pode ser feita através de várias transferências de um banco para outro; transferências eletrônicas entre várias contas de pessoas diferentes em países diversos; realização de depósitos e saques a fim de alterar os saldos das contas; mudança de moeda e compra de artigos caros (barcos, casas, carros, diamantes) para mudar a forma do dinheiro. É a fase mais complexa do esquema de lavagem, e seu objetivo é dificultar ao máximo o rastreamento da origem do dinheiro sujo.  
3.            Integração - nesta fase, o dinheiro é reincorporado ao sistema econômico de forma legítima - parece que é proveniente de uma transação legal. Isto pode ser feito através de uma transferência bancária para a conta de uma empresa local na qual o criminoso "investe" em troca de participação nos lucros; da venda de um iate comprado durante a fase de ocultação; ou da compra de uma chave de fenda de US$ 10 milhões de uma empresa da qual o criminoso seja proprietário. Neste estágio, o criminoso pode usar o dinheiro sem ser pego em flagrante. É muito difícil pegar um criminoso durante a fase de integração se não houver documentação durante as fases anteriores.
A lavagem de dinheiro é um passo crucial no sucesso de atividades terroristas e de tráfico de drogas, para não falar em crimes de colarinho branco, e há várias organizações tentando lidar com o problema. Nos Estados Unidos, o Departamento de Justiça, o Departamento de Estado, o FBI, a Receita Federal e a Agência de Combate às Drogas (DEA) têm divisões de investigação de lavagem de dinheiro e das estruturas financeiras que sustentam esta prática. No Brasil, o Ministério da Justiça cordena o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional reúne cerca de 50 órgãos federais, estaduais e municipais para alinhavar uma política comum de combate ao tráfico. Além disso, o Brasil tem acordos bilaterais com vários países entre eles, Estados Unidos, Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia, França, Itália, Peru, Coréia do Sul e Portugal.
Como os sistemas financeiros globais têm um papel importante na maioria dos altos esquemas de lavagem, a comunidade internacional está combatendo a lavagem de dinheiro de várias maneiras, como a Força-Tarefa de Ação Financeira para Lavagem de Dinheiro (FATF), que em 2005 tinha 33 membros incluindo estados e organizações. AsNações Unidas, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional também têm divisões contra lavagem de dinheiro.
Métodos de lavagem de dinheiro
Em 1996, o economista Franklin Jurado, formado em Harvard, foi preso por "limpar" US$ 36 milhões (cerca de R$ 86 milhões) para o traficante colombiano Jose Santacruz-Londono. Pessoas com uma quantia muito grande de dinheiro sujo contratam profissionais para cuidar do processo de lavagem. É um processo complexo por necessidade: a idéia é tornar impossível para as autoridades o rastreamento do dinheiro sujo durante a limpeza.
Há várias técnicas de lavagem de dinheiro que as autoridades conhecem e provavelmente outras tantas que são desconhecidas. Aqui vão as mais populares:
Mercado negro de câmbio colombiano
Este sistema, que a DEA chama de "o maior mecanismo de lavagem de dinheiro de drogas do hemisfério oeste", surgiu nos anos 90. Um oficial colombiano se reuniu com o Departamento do Tesouro americano para discutir o problema dos produtos americanos que estavam sendo importados ilegalmente para a Colômbia usando o mercado negro. Quando pensaram na questão considerando o problema de lavagem de dinheiro de drogas, os oficiais americanos e colombianos analisaram os fatos e descobriram que o mesmo mecanismo servia aos dois propósitos.
Este complexo arranjo conta com o fato de que há empresários na Colômbia - geralmente importadores de produtos internacionais - que precisam de dólares para conduzir seus negócios. Para burlar os impostos do governo americano para a conversão de pesos para dólares e as tarifas de importação, estes empresários podem recorrer aos corretores de pesos do mercado negro que cobram uma pequena taxa para conduzir a transação sem a intervenção do governo.
Este é o lado da importação ilegal do esquema. Na lavagem de dinheiro acontece assim: um traficante de drogas entrega dólares sujos para um corretor de pesos na Colômbia. O corretor então usa dólares de drogas para comprar produtos nos Estados Unidos para importadores colombianos. Quando os importadores recebem os produtos (sem passar pelo radar do governo) e os vendem em pesos na Colômbia, pagam o corretor usando os rendimentos. O corretor então devolve ao traficante o equivalente ao original em pesos (descontada a comissão), os dólares sujos do início do processo.
depósitos estruturados
Também conhecido como smurfing, este método consiste na quebra de grandes quantias de dinheiro em quantias menores e menos suspeitas. Nos Estados Unidos, esta quantia menor tem de ser de, no máximo, US$10 mil, a partir da qual os bancos americanos devem declarar a transação ao governo. No Brasil, o valor é de R$ 5 mil por depósito. O dinheiro é então depositado em uma ou mais contas bancárias por várias pessoas (smurfs) ou por uma única pessoa durante um determinado período.

 bancos internacionais

Lavadores de dinheiro geralmente enviam valores através de várias "contas offshore" em países protegidos pela lei de sigilo bancário, o que significa que não importa qual o propósito, eles permitem movimentação bancária anônima. Um esquema complexo pode envolver centenas de transferências bancárias de e para bancos estrangeiros. De acordo com o FMI, os paraísos fiscais incluem as Bahamas, Bahrain, as Ilhas Cayman, Hong Kong, Antilhas, Panamá e Singapura.

·       sistema bancário alternativo
Alguns países da Ásia têm sistemas bancários alternativos legais e bem estabelecidos que permitem depósitos, saques e transferências sem documentação. São sistemas baseados na confiança, geralmente com raízes na antiguidade, que não deixam rastro em papel e operam fora do controle do governo. É o caso do sistema hawala no Paquistão e na Índia, e do fie chen na China.
 
·      empresas de fachada
São empresas falsas que existem somente para lavar dinheiro. Elas recebem dinheiro sujo como pagamento por supostos bens e serviços que nunca existiram na prática; simplesmente criam a aparência de transações legítimas através de notas fiscais e balanços falsos. Muito comum no Brasil em casos de financiamentos públicos desviados como no milhões de reais desviados da Superintendência da Amazônia (Sudam) descobertas entre 2000 e 2002.
 
·       investimento em empresas legítimas
Os criminosos às vezes colocam dinheiro sujo em empresas legítimas para limpá-lo. Eles podem usar empresas grandes, como corretoras de valores ou cassinos que manipulam tanto dinheiro fazendo o dinheiro sujo se perder no meio, ou usam negócios menores, que usam bastante dinheiro vivo, como bares, lava-rápidos, casas noturnas ou lojas. Estas empresas são as "empresas de frente" que fornecem bens e serviços de verdade, mas cujo real propósito é limpar o dinheiro do criminoso. Este método geralmente funciona de dois modos: o criminoso consegue mesclar seu dinheiro sujo com receita limpa da empresa - neste caso, a empresa declara receitas maiores do que as reais para seu negócio lícito; ou o lavador de dinheiro pode simplesmente esconder o dinheiro sujo nas contas legítimas da empresa na esperança de que as autoridades não vão comparar os extratos bancários com os relatórios financeiros da empresa.

·       compra de bilhetes sorteados
No Brasil, um tipo de lavagem de dinheiro diferente é a compra de bilhetes sorteados da loteria. Com a ajuda de funcionários da Caixa Econômica Federal (CEF), banco responsável pelo pagamento dos prêmios, os golpistas conseguem limpar o dinheiro dizendo que ganharam na loteria. Nesse caso, o funcionário paga o valor do bilhete para o verdadeiro ganhador, mas na hora de registrar o vencedor registra no nome do criminoso.
A maioria dos esquemas de lavagem de dinheiro envolve a combinação desses métodos, apesar de o mercado negro de câmbio colombiano ser um sistema de balcão único quando alguém contrabandeia o dinheiro até o corretor. A variedade de ferramentas disponíveis para os lavadores de dinheiro torna difícil coibir esta prática, mas as autoridades pegam alguns bandidos de vez em quando para chegar até o esquema. No próximo capítulo, falaremos sobre duas operações de lavagem de dinheiro descobertas pela polícia nos Estados Unidos.
Descobertos pela polícia
Lavagem de colarinho branco: Eddie Antar
Nos anos 80, Eddie Antar, dono da Crazy Eddie's Electronics, encobriu milhões de dólares da empresa para escondê-los da Receita Federal. Este era o plano original, mas ele e seus comparsas resolveram que podiam fazer melhor uso do dinheiro se o devolvessem para a empresa disfarçado de receita. Assim, os ativos declarados da empresa seriam inflados durante o processo de preparação para a abertura de capital. Em uma série de viagens a Israel, Antar carregou milhões de dólares presos ao corpo e dentro da sua pasta. Aqui vai uma breve descrição de como funcionava o esquema:
Colocação: Antar fez uma série de depósitos separados em um banco em Israel. Em uma viagem, chegou a fazer 12 depósitos em um único dia.
Camuflagem: antes que as autoridades americanas ou israelenses notassem o saldo subitamente gigantesco na conta, Antar solicitou que o banco israelense transferisse tudo para o Panamá, onde há leis de sigilo bancário vigentes. A partir daquela conta, Antar conseguia fazer transferências anônimas para várias contas estrangeiras.
Integração: Antar então transferia aos poucos o dinheiro dessas contas para a conta legítima da Crazy Eddie's Electronics, onde o dinheiro se misturava aos dólares legítimos e era documentado como receita.
No final, Crazy Eddie lavou mais de US$ 8 milhões (cerca de R$ 19 milhões). Seu esquema aumentou o valor inicial das ações na oferta primária e a empresa acabou valendo US$ 40 milhões (R$ 96 milhões) a mais do que valeria sem o esquema de adição de receita. Antar vendeu suas ações e saiu com lucro de US$ 30 milhões (R$ 72 milhões). As autoridades o encontraram em Israel em 1992, foi extraditado para os Estados Unidos para ser julgado e foi condenado a 8 anos de prisão.
Lavagem de dinheiro de drogas: Franklin Jurado
No final dos anos 80 e início dos anos 90, o economista Franklin Jurado, formado em Harvard, coordenou uma operação para lavar dinheiro para o traficante colombiano Jose Santacruz-Londono. O esquema dele era bem complexo. Em termos simples, a operação funcionou mais ou menos assim:
Colocação: Jurado depositou dinheiro de venda de drogas nos Estados Unidos em contas no Panamá.
Camuflagem: ele então transferiu o dinheiro do Panamá para mais de 100 contas em 68 bancos distribuídos em países na Europa, sempre em transações menores do que US$ 10 mil (R$ 24 mil) para não levantar suspeita. As contas estavam no nome de fantasmas e das amantes e membros da família de Santacruz-Londono. Jurado então abriu empresas de fachada na Europa para documentar o dinheiro como receita lícita.
Integração: o plano era enviar o dinheiro para a Colômbia, onde Santacruz-Londono usaria para financiar seus vários negócios lícitos. Mas Jurado foi pego.
No total, Jurado lavou US$ 36 milhões (cerca de R$ 86 milhões) em dinheiro de drogas através de instituições financeiras legítimas. O esquema de Jurado foi descoberto quando um banco de Mônaco quebrou, e, em seguida, uma auditoria revelou várias contas que quando rastreadas levavam a Jurado. Ao mesmo tempo, o vizinho de Jurado em Luxemburgo prestou uma queixa de barulho, pois Jurado tinha uma máquina de contar dinheiro que funcionava a noite toda. As autoridades locais investigaram, e a corte de Luxemburgo por fim declarou-o culpado de lavagem de dinheiro. Quando terminou de cumprir pena em Luxemburgo, uma corte dos Estados Unidos também o declarou culpado e ele foi condenado a 7 anos e meio de prisão.
Quando as autoridades conseguem interromper um esquema de lavagem, a recompensa é enorme, levando a prisões, apreensão de dinheiro e propriedades sujos, e às vezes ao desmantelamento de uma quadrilha. No entanto, a maioria dos esquemas de lavagem de dinheiro passa despercebida e grandes operações causam sérios danos à saúde econômica e social.
A moeda da vez
Há décadas, o dólar americano é a moeda mais usada entre os lavadores de dinheiro. Sua popularidade é devido a sua grande aceitação e ao volume de transações globais que usam esta moeda - alguns milhões de dólares mudando de mãos não chamam a atenção. Porém, o euro tem ganhado espaço na indústria da lavagem de dinheiro desde que começou a ser usado, em 2002. No que se refere à lavagem de dinheiro, o euro poderia ser a moeda perfeita: é a moeda oficial de mais de uma dúzia de países, o que significa que circula em grande volume e cruza fronteiras regularmente sem aviso algum.
Os efeitos e o combate
Os efeitos da lavagem de dinheiro
Dependendo a qual agência internacional que você pergunte, vai saber que os criminosos lavam cerca de US$ 500 bilhões a US$1 trilhão (cerca de R$1 bilhão a R$ 2,15 trilhões) no mundo todo por ano. O efeito global é desequilíbrio em termos sociais, econômicos e de segurança.
No âmbito sócio-cultural, obter sucesso na lavagem de dinheiro significa que a atividade criminosa compensa e isso acaba encorajando criminosos a manter seus esquemas ilícitos, pois eles podem gastar seus lucros sem repercussão nenhuma. Isto significa mais fraudes e mais administração fraudulenta (ou seja, mais trabalhadores perdendo suas pensões quando a empresa quebra), mais drogas nas ruas, mais crime relacionado a drogas, esgotamento dos recursos para a polícia e um desânimo geral por parte de empresários que não violam a lei e cujas empresas não chegam nem perto dos lucros dos criminosos.
Os danos econômicos acontecem em uma escala mais ampla. Países em desenvolvimento geralmente têm muitos problemas com a lavagem de dinheiro moderna porque os governos ainda estão no processo de estabelecer regras para seus recentes setores financeiros privatizados. Isto faz com que se tornem alvos perfeitos. Na década de 90, vários bancos nos estados bálticos em desenvolvimento acabaram recebendo gigantescos depósitos de dinheiro sujo, fato que foi muito comentado. Clientes dos bancos sacaram seu dinheiro limpo com medo de perdê-lo caso os bancos fossem investigados e perdessem o seguro. Os bancos quebraram. Outros problemas que as economias mundiais têm de enfrentar incluem erros na política econômica resultantes de setores financeiros artificialmente inflacionados. Grandes fluxos de dinheiro sujo que entram em determinados setores da economia, favoráveis para os lavadores de dinheiro, criam falsa demanda e o governo age nessa nova demanda ajustando a política econômica. Quando o processo de lavagem atinge um certo ponto, ou quando a polícia começa a mostrar interesse, o dinheiro some de repente sem nenhuma causa econômica previsível, e aquele setor quebra.
Alguns problemas, em uma escala mais local, referem-se à taxação e competição entre pequenas empresas. Dinheiro lavado geralmente não paga imposto, ou seja, no final todos nós temos que compensar a perda em receita fiscal. Além disso, pequenas empresas legítimas não conseguem competir com negócios baseados em lavagem de dinheiro, que podem bancar a venda de produtos por um preço bem mais barato porque seu principal objetivo é lavar dinheiro e não obter lucro. Eles têm uma entrada tão grande de dinheiro que podem até mesmo vender um produto ou serviço abaixo do preço de custo.
Além dessas conseqüências a lavagem de dinheiro desviado de órgãos públicos cria a óbvia queda dos investimentos estatais em projetos relevantes para a economia de um país como projetos sociais, educacionais, criação de infraestrutura adeqüada, aparelhamento de órgaõs públicos.
A maioria das investigações globais concentra-se em duas principais indústrias de lavagem de dinheiro: tráfico de drogas e as organizações terroristas. O resultado da lavagem de dinheiro é simples: mais drogas, criminalidade e violência. A conexão entre lavagem de dinheiro e terrorismo pode ser um pouco complexa, mas ela tem papel fundamental na sustentabilidade das organizações terroristas. A maioria das pessoas que financiam organizações terroristas não assina cheques e simplesmente os entrega para um membro do grupo terrorista. Eles enviam o dinheiro por caminhos complexos, permitindo o patrocínio do terrorismo e permanecendo anônimos. E, por outro lado, os terroristas não usam cartões de crédito nem cheques para comprar armas, passagens de avião e a ajuda de civis necessárias para conduzir o plano. Eles lavam o dinheiro para que as autoridades não consigam rastreá-lo de volta até eles e coibir seu ataque planejado. Interromper o processo de lavagem pode brecar o financiamento a grupos terroristas.
Então a próxima pergunta é: o que as autoridades estão fazendo para prevenir a lavagem de dinheiro?
O combate à lavagem de dinheiro
É uma tarefa intimidante rastrear a origem de qualquer depósito quando cerca de 700 mil transferências eletrônicas são feitas no mundo, todos os dias. Qual dinheiro é sujo e qual é limpo? Nos Estados Unidos há 2 métodos principais usados pelo governo para detectar e combater a lavagem: lei e polícia.
Os Estados Unidos tratam do crime da lavagem de dinheiro em inúmeras leis. Algumas delas são:
Lei de sigilo bancário (1970) - basicamente elimina a movimentação bancária anônima nos Estados Unidos. Ela autoriza o Departamento do Tesouro a forçar os bancos a manter registros que tornam mais fácil localizar uma operação de lavagem. Isto inclui a declaração de todas as transações únicas acima de US$10 mil (R$ 4 mil) e múltiplas transações totalizando mais de US$10 mil de ou para uma única conta no mesmo dia. O banqueiro que violar esta regra sistematicamente pode passar 10 anos na prisão.
Lei de controle da lavagem de dinheiro de 1986 - transforma a lavagem de dinheiro em um crime por si só ao invés de apenas um elemento de outro crime.
Lei de supressão da lavagem de dinheiro de 1994 - obriga os bancos a estabelecerem suas próprias forças-tarefa para se livrarem de atividades suspeitas em suas instituições. A US Patriot Act de 2001estabelece a obrigatoriedade de cheques identificados para os clientes de bancos americanos e fornece recursos para o rastreamento de transações nos sistemas bancários alternativos freqüentados por agentes financeiros terroristas. Para uma lista mais completa das leis americanas de combate à lavagem de dinheiro, confira FDIC: lei do sigilo bancário e o combate à lavagem de dinheiro.
No Brasil
O Brasil a lei Lei Federal 9.613/98, de março de 1998, regulamenta as punições para o crime de lavagem de dinheiro, cuja a pena é de três a dez anos de prisão, mais multa. O Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), vinculada à Secretaria Nacional de Justiça (SNJ), do Ministério da Justiça, coordena ações integradas de mais de 50 órgãos federais, estaduais e municipais, além de fechar parcerias internacionais.
Além das leis cujo propósito é detectar operações de lavagem de dinheiro, infiltrar agentes disfarçados também faz parte do combate. AOperação Juno da DEA, que terminou em 1999, é um bom exemplo. A DEA conduziu uma operação de infiltração de agentes que forneceu recursos para traficantes de drogas lavarem dinheiro. Os agentes disfarçados da DEA fecharam negócios com traficantes para transformar dólares de drogas em pesos colombianos usando o mercado negro de câmbio colombiano. A operação terminou em 40 prisões e a apreensão de US$10 milhões (R$ 24 milhões) em dinheiro do tráfico e de 3.600 quilos de cocaína.
Apesar destas vitórias, a verdade é que nenhum país sequer tem o poder de pôr fim à lavagem de dinheiro - se um país é hostil à lavagem, os criminosos simplesmente procuram outro lugar. A cooperação global é essencial. A organização internacional mais proeminente neste aspecto é provavelmente a Força-Tarefa de Ação Financeira (FATF), que tinha 33 estados-membros e organizações internacionais registradas em 2005, inclusive o Brasil. A FATF publicou as "40 recomendações para bancos" (atualmente há 49, mas o título continuou o mesmo) que acabaram se tornando padrões de combate à lavagem de dinheiro. As recomendações incluem:
·        Identificar os depositantes e fazer um levantamento do histórico deles
·    declarar qualquer atividade suspeita, como por exemplo, se o histórico mostrou que o depositante trabalha em uma siderúrgica e deposita US$ 2 mil (R$ 4.800) a cada 15 dias, uma série de 10 depósitos de US$ 9 mil no período de 2 semanas deveria acender a luz vermelha criar uma força-tarefa interna para identificar pistas de lavagem
As "recomendações" são, na verdade, mais regras do que dicas. A FATF mantém uma lista de "países que não cooperam" ou que não colocaram as recomendações em prática. A FATF estimula seus membros a não tratarem de assuntos financeiros com estes países.
Outras organizações mundiais que combatem a lavagem de dinheiro são as Nações Unidas, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, e grupos menores, como a FATF do Caribe e o Grupo de Lavagem de Dinheiro para Ásia/Pacífico.
Enquanto os esforços mundiais estão aos poucos fazendo a diferença na indústria da lavagem de dinheiro, o problema é gigantesco e os lavadores de dinheiro estão ganhando muito. Países com leis de sigilo bancário, que indiscutivelmente fornecem benefícios legítimos ao depositante honesto, tornam o rastreamento do dinheiro extremamente difícil quando ele é transferido para o exterior. Ainda assim, a lista da FATF dos países que não cooperam caiu de 15 países, em 2000, para 2 (Myanmar e Nigéria), em 2005. De acordo com os padrões, este é um importante sinal de progresso. Somente o aumento da consciência e da cooperação globais é capaz de impedir o sucesso da indústria da lavagem de dinheiro.
O uso das contas CC5 para lavagem de dinheiro do Brasil
Entre os anos de 1998 e 2002, promotores e procuradores públicos brasileiros descobriram várias empresas que usavam para lavar dinheiro as chamadas contas CC5, contas que permitiam transferência de dinheiro (reais) para o exterior, criadas em 1969. Essas contas são voltadas para brasileiros residentes fora do Brasil, empresas exportadoras e financeiras com vínculos no exterior. Assim, é permitido, sem autorização prévia do Banco Central do Brasil, repassar uma determinada quantia de reais que se transformam em dólares para outros países e resgatar do exterior dólares que se transformam em reais para o Brasil. A princípio, a norma nada tem de ilegal, afinal o Brasil participa intensamente do comércio exterior e várias pessoas físicas brasileiras moram no exterior como os estudantes que fazem intercâmbios. Acontece que várias autoridades e políticos famosos e seus assessores usaram as contas para passar, para o exterior, dinheiro fruto de desvio dos cofres públicos e, conseqüentemente, limpar o seu nome.
Segundo a Procuradoria da República, R$ 124 bilhões passaram pelos canais da CC5 desde meados da década de 90 até 2000, nem todos necessariamente frutos de transições ilícitas.
O esquema com as CC5 era feito normalmente com o uso de “laranjas”. Os “laranjas” são normalmente pessoas (manipuladas ou não) que tem seu nome usado para desviar o dinheiro de outros. Há também empresas “laranjas”, criadas artificialmente para ajudar no desvio.
Entre os famosos que são acusados de usar as CC5 para lavagem estão o ex-prefeito de São Paulo e deputado federal eleito em 2006,Paulo Maluf. O ex-prefeito é acusado de desviar cerca de R$ 500 milhões durante as obras de construção da avenida Água Espraiada. Nem todo o dinheiro desviado foi mandado para o exterior, mas, em um dos seus relatórios, o Ministério Público Federal detectou que uma das empresas que participaram da obra mandou US$ 6,8 milhões para o exterior, por meio das CC5, que depois teriam sido desviados para contas de Maluf em paraísos fiscais.
Outro caso é o do Banco Nacional, que deixou um rombo de R$ 6 bilhões em 1996, e teria usado seu parceiro uruguaio Interbanco para desviar pelas CC5.
Alguns corruptos usaram o mesmo ''laranja'' para desviar o dinheiro para o exterior. O juiz Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, condenado a 26 anos de prisão por desviar R$ 196 milhões durante a construção da sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo, usou as contas de um tal Pedro Paulo Velasquez Romero, que depois foi confirmado pelas investigações como um nome “fantasma”, criado pelos grupos que articulavam o esquema. Esse mesmo Pedro Paulo Romero auxiliou o sócio do ex-senador e deputado federal eleito em 2006,Jader Barbalho, Osmar Borges, a mandar para o exterior pelo menos R$ 110 milhões, que teriam que ser usados para projetos agropecuários financiados pela Superintendência da Amazônia (Sudam).
Depois de vários casos de desvio, o Conselho Monetário Nacional (CMN) mudou as regras das contas CC5 em 2005, restringindo o acesso e ampliando o controle do dinheiro enviado. Quanto aos acusados de lavagem de dinheiro, dois (Jader Barbalho e Paulo Maluf) passaram poucos dias na cadeia depois que a justiça decretou prisão provisário, foram soltos e eleitos deputados federais pelos seus Estados (Pará e São Paulo) em 2006. O juiz Nicolau dos Santos Neto, depois de condenado de prisão por lavagem de dinheiro entre outros crimes, passou um tempo na cadeia, acabou sendo solto por alegar sofrer de depressão, mas voltou para prisão em julho de 2007. No caso do Banco Nacional, onze diretores, inclusive pessoas que eram controladores do banco, foram condenados a prisão, mas tiveram a pena revertida em prestação de serviços à comunidade.
Luís Indriunas, do HSW Brasil