domingo, 13 de fevereiro de 2011

Bafômetro feito em sala de aula

Capaz de detectar álcool no organismo, um bafômetro caseiro pode ser a saída para as pessoas que cogitam comprar um aparelho do gênero para verificar a presença da substância no corpo antes de dirigir.

Por mais improvável que a idéia possa parecer, alunos de uma escola particular da Capital provaram, ontem, que o mecanismo funciona.

Para o experimento da aula de química, alunos do 3° ano do Ensino Médio do Colégio Vicentino Santa Cecília, no bairro Santa Cecília, utilizaram balões, tubos plásticos transparentes, rolhas, giz, algodão, água e uma solução ácida.

- Esse bafômetro é bem sensível na detecção do álcool. Ele pode ser utilizado pois é eficaz, mas é apenas qualitativo, e não quantitativo. Isso significa que ele apontará a presença de álcool, mas não a quantidade - explica a professora Mara Goi, que coordenou a construção do equipamento no laboratório de ciências.

Apesar de não apontar a quantidade de álcool, o bafômetro caseiro pode ser útil aos motoristas, permitindo verificar se uma dose ingerida horas atrás ainda está no corpo. O aparelho convencional custa cerca de R$ 7 mil.

Em contato com partículas de álcool no ar, o giz umedecido com a solução ácida muda de cor. De laranja, passa a azul acinzentado em poucos minutos, devido à reação do composto químico ao contato com o álcool. A intensidade da cor é proporcional ao teor de álcool no ar exalado dos balões. Sem álcool, o giz permanece com a mesma coloração após a passagem do ar pelo tubo. Cada aparelho só funciona uma vez. Após o uso, só o tubo plástico pode ser reutilizado, desde que lavado com água.

- Quanto maior a concentração de álcool, mais azul fica o giz - observa a professora.

Para o teste, os alunos não ingeriram bebidas alcoólicas. Os líquidos foram inseridos nos balões por meio de um funil. Os itens utilizados foram adquiridos em lojas de material de construção e estabelecimentos especializados em produtos químicos. Segundo a professora Mara, a compra de ácido sulfúrico é controlada, devido aos riscos.

Na sala de aula, o experimento despertou a atenção dos 13 alunos por colocar na prática um tema nacional: a lei de tolerância zero ao álcool.

Para a estudante Anne Betti, 17 anos, que fará a primeira habilitação até o fim do ano, a aula propicia uma reflexão sobre os efeitos do álcool no organismo, especialmente no dos motoristas. Na escola, o álcool é tema recorrente da 5ª série do Ensino Fundamental até o Ensino Médio.

MAICON BOCK | Especial

Tire suas dúvidas 

Com a nova lei, quanto de álcool posso beber antes de dirigir?
Nada. A lei brasileira assume tolerância zero em relação à bebida alcoólica.

Sou obrigado a fazer o teste com o bafômetro?

Não. O motorista pode se recusar, mas, nesse caso, sofrerá a mesma penalidade destinada à pessoa comprovadamente alcoolizada: infração gravíssima, multa e suspensão do direito de dirigir por um ano. Essa punição também será aplicada se o condutor se negar a outros exames para atestar a embriaguez. O testemunho do agente ou policial tem valor de prova.

O que acontece no caso de quem comeu um doce com licor ou fez uso de um remédio com álcool? Ao ser apanhado no bafômetro, ele será punido?

A nova lei determina que precisam ser disciplinadas margens de tolerância para casos específicos, como o dos medicamentos. Enquanto a margem não é definida, o índice tolerado é de 0,2 grama por litro de sangue.

O bafômetro indica os miligramas de álcool por litro de ar expelido dos pulmões. Confira os limites da legislação:

0,0 a 0,10 - Faixa de tolerância. Nesse intervalo, o motorista não deve sofrer sanções. No exame de sangue, essa tolerância equivale a até 0,2 grama de álcool por litro de sangue.

0,11 a 0,29 - Nessa faixa, o motorista é multado em R$ 957,70 (sete pontos na carteira) e corre o risco de perder o direito de dirigir por um ano. No teste sangüíneo, a margem varia de 0,21 a 0,59 grama de álcool por litro de sangue.

0,30 ou mais - O condutor deverá ser multado em R$ 957,70 (sete pontos na carteira de habilitação), corre o risco de ter suspenso o direito de dirigir por um ano e é preso em flagrante. No exame de sangue, a prisão equivale a índice igual a 0,6 grama de álcool por litro de sangue. 


Para Anne (de blusa rosa, ao centro) e suas colegas, experimento propiciou uma reflexão sobre os efeitos da bebida
 
 

Por Zero Hora / RS

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