domingo, 26 de junho de 2011

Venezuela nega, mas Hugo Chaves continua no bico do Urubú

Mistério causa especulações sobre sucessão de líder


foto: reprodução / internet
A doença misteriosa de Hugo Chávez - confinado num hospital em Havana desde o dia 10 - abre especulações sobre a substituição do homem chamado de "comandante-presidente" pelos seguidores. A falta de informações detalhadas causa uma inevitável onda de dúvidas sobre se sua vida está em risco. A tese mais recente que circula na internet é a de que ele sofre de câncer de próstata.
Cercado de aduladores e com seu Partido Socialista Unido da Venezuela dividido, Chávez deixaria um vácuo aparentemente impossível de preencher. "Neste momento, o presidente é indispensável", diz Nicmer Evans, professor de Ciências Políticas da Universidade Central. Apesar da internação - para fúria da oposição -, ele segue a dar ordens e firmar decretos da cama de hospital.
O vice-presidente, Elías Jaua, tem rejeitado os chamados da oposição para que assuma o cargo de Chávez interinamente.
Pela Constituição de 1999, o vice deveria tomar o lugar do presidente durante "ausência temporária" de até 90 dias. Se Chávez morrer ou ficar incapacitado, Jaua terminaria seu mandato até as eleições seguintes - no caso, as de 2012.
A veemência de Jaua em rejeitar a presidência interina deve-se ao temor de ser visto como excessivamente ambicioso, diz o analista político Eduardo Semtei - ex-chavista e agora crítico do regime. "Qualquer um que dispute a supremacia (com Chávez) é automaticamente alijado da política." Jaua é um dos poucos políticos que estão ao lado de Chávez desde a chegada ao poder, em 1999. Seu principal rival interno é o ex-vice Diosdado Cabello - tenente da reserva que acompanhou Chávez em sua frustrada tentativa de golpe em 1992. A rivalidade entre eles esquentou antes da doença do presidente, em razão das disputas pelas candidaturas a governos estaduais em 2012.
Evans explica que a principal divisão na "revolução bolivariana" é entre os socialistas puros e a nova casta qualificada de "boliburguesia", que enriqueceu fazendo negócios com o governo. Se Chávez sair de cena, essas contradições virão à tona com toda a força, pois ele é o único capaz de manter esses polos minimamente unidos.
Os analistas agora esperam para ver se Chávez se recupera a tempo de presidir as celebrações do bicentenário da Independência, no dia 5, e uma cúpula regional na Ilha Margarita. Se isso não ocorrer, a Venezuela pode começar a entrar num período de terremoto político.
 Phill Gunson, do Los Angeles Times - O Estado de S.Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário